quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Conversas com a Ex-

Desconhecido




Foi óptima, a conversa que tive com a minha ex-mulher. Descobri que ela sabe imenso sobre relações, que as mulheres que possa ter na minha vida vida não valem nada, que ter alguém na minha vida é uma falta de respeito para com o nosso filho, e que nenhuma relação que eu possa ter vai dar certo...

Claro que lhe disse logo de seguida, se ela sabia tanto sobre relações, porque é que não se tinha apercebido do rumo que a nossa tinha tomado... De qualquer maneira, pelo menos tentei conversar com ela sobre os assuntos que ainda temos pendentes. Mas volta e meia, lá está ela a tocar nos assuntos do passado.



- Vê se percebes que eu já segui em frente. Não é contigo que eu quero seguir a minha vida.

- Nem penses que era isso que eu queria. Mas também não é com esta que o vais fazêr... Uma gaja daquelas...


O discurso andou mais ou menos por aqui. E descobri também que a memória é muito selectiva. Que eu errei na nossa relação, muito, e que o único erro que ela cometeu foi confiar em mim. Portanto, eu que dei estupidamente, que andei com ela de um lado para o outro, que suportei as crises e depressões dela, que criei o nosso filho mais do que ela, que só saí da relação porque já não aturava mais o egoísmo dela... Eu é que errei profundamente... Vendo bem, se calhar, tem razão!

Acho que ela nunca suportou a idéia de ter estragado tudo. Piôr que mulher magoada, só mulher com orgulho ferido. Acho que ela preferia que eu a tivesse traído. Assim teria um motivo válido para se vitimizar. Mas não, por isso, tem que se agarrar a qualquer coisa. Mesmo que não haja nada a que se agarrar. Inventam-se motivos. E sobrevalorizam-se. E é assim que um grão-de-areia pode sêr uma praia imensa se o quisermos. Basta acreditar nisso...




Comporta Café

Desconhecido

Desconheço de quem é a fotografia. Já era noite quando acabamos de jantar. Sentados nos puffs, com um luar a banhar o mâr, enquanto tomamos o café. Falamos de nós, das nossas vidas, de desejos e de problemas...

O mâr enche-nos o olhar. Ainda me surpreendo porque raio é que te deixei entrar na minha vida. Tudo bem, se olhasse só para ti enquanto o monumento que tu és, seria louco se não o fizesse. Mas a verdade é que não te deixei entrar logo assim que quiseste. O que eu te fiz passar para te deixar chegares perto de mim... Dei-te todos os motivos que poderias querer para te afastares. Em vêz disso, assim que te beijei...

Ainda me surpreendo da forma como nós nos entendemos tão bem. Não é que tu sejas a pessoa que melhor me conheças. Nem eu a ti. Mas somos tão parecidos nos feitios... Sempre achei que algo assim nunca funcionaria. E no entanto... Bem, não quer dizêr que funcione. Daqui a uns tempos logo se vê. Mas isto já me começa a assustar. É que eu não queria mesmo nada mais confusão na minha vida. Já chega, não ?

Fumo um cigarro enquanto te dou a mão. Faz um ano que aqui vim sozinho. Tens sempre mêdo de me estares a levar a sítios onde já tenha estado com alguém. Mas foi sozinho que aqui vim. Recordo-me bem. Passei horas a olhar para o mâr. Para tomar decisões. E tomei-as. Talvez não tenham sido as mais correctas mas tomei-as.

Por momentos, sinto-me distante. E eu sei que tu sentes isso. Assusta-te. Com razão. Sabes que não é pelo que aparentas que alguma vêz me hás-de prender. Sentes-te minha mas não tens a certeza se sou teu. Sou de alguém ? Alguma vêz fui ? Alguma vêz serei ? E vale a pena deixar-me abandonar no teu amôr ?

Chateia-me pensar que possa estar a amar-te. Que porra. Quando tudo se estava a tornar mais fácil, mais simples... Mas tinhas que aparecer ?

A noite está fresca mas não não sinto frio. Aconchegas-te em mim e eu beijo-te. E sinto-me esquecer do resto do mundo. Naquele momento só existimos nós. E é tão bom...