sábado, 26 de abril de 2008

O dia começa mal

Desconhecido

Infelizmente, com o passar do tempo, vou redescobrindo quem, afinal de contas, era a minha ex-. E percebi que não casei com uma mulher. Casei com uma criança. Que, ainda por cima, está com o orgulho ferido. Acho que não há nada piôr que uma mulher com o orgulho ferido...
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Depois de, nos primeiros dias de separação, ela ter achado que o nosso filhote ficaria melhor se fosse criado com o pai, eis que surge a mãe dela para lhe virar a cabeça do avesso. De lá para cá tem sido uma luta constante, com ela a usa-lo para me atingir, não se preocupando se isso o faz sofrer.
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Este fim-de-semana fiquei com o meu filhote. Coisa que não agrada nada à mãe. Mas quando ía para saír de casa, qual não é o meu espanto ao vêr a "Comissão de Boas Festas" à minha porta: ela e os seus pais, dentro do carro. Um vizinho disse-me que eles já lá estavam desde as 07:30 !!! Fantástico.
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E tem sido mais ou menos assim nos últimos tempos. É por essas e por outras que eu me rio da bacoquice da filosofia dos nossos juízes dos Tribunais de Família. Mãe é mãe. Nem que seja doida varrida. Desde que não seja toxico-dependente (e ainda assim é preciso prová-lo).
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Enfim, os dias até têm estado bonitos, por isso há que aproveitar. Que o meu filhote merece-o.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sexo, Mentiras e ...

Desconhecido

Quando um gajo se separa, passa automáticamente à lista dos disponíveis. E um gajo que se divorcia parece que fica com uma aura meio estranha.
Explicando: trabalho numa grande empresa, onde a maioria são mulheres. Há as casadas, as que se vão casando e as inevitáveis solteiras. As diferenças começam aqui. As primeiras a aproximarem-se eram, sobretudo, as casadas e as que se vão casando, o que não deixa de sêr engraçado.
Muitas por curiosidade, talvez porque queriam saber pormenôres (a cochicice deve sêr algo genético nas mulheres...) ou simplesmente tentar percebêr se algo assim lhes pode acontecêr, tentavam meter conversa comigo.

Mas algumas olharam para mim como um confidente. Não sei como aconteceu. Comecei a saber mais sobre a vida de algumas pessoas do que aquilo que desejaria. Apercebi-me que, realmente, dentro de portas só cada um sabe de si. E percebi que algumas destas mulheres são "perigosas". Estão fragilizadas, desiludidas e um gesto mais simpático pode ser mal-entendido. E há muitas que ainda querem sonhar...

Depois foram as solteiras. Mais a mêdo, que uma moça nova não gosta de ficar com má fama. As outras já não se preocupam com isso...

Como quase todos me conhecem lá na empresa, estas situações dão logo azo a boatos. Foi por isso que eu fiquei a saber que nas bocas de muita gente, eu já tinha "comido" quase todas as mulheres lá do sítio...

Quer dizer, um gajo separa-se e passa sêr catalogado um playboy. Uma gaja separa-se e é uma vítima que está tentar reconstruir a sua vida. Isto tem a sua piada. Há gajos que gostam de fama, mesmo que não passe disso mesmo. Só fama. Mas eu detesto. E, ainda por cima, sem proveito. Parvo, dirão alguns.

Pelo menos, foi o que alguns amigos me disseram. Casados, sossegaditos junto às suas mulheres, mas que dizem "Eh pá, se eu estivesse na tua situação... Era sem parar..."
Que raio, têm uma boa solução. Separam-se. Mas isso não dá jeito. É mais fácil terem uns casos por fora, ficam contentes, e quando chegam a casa têm ali a sua querida mulher, no seu cantinho. E dizem que a amam.
Mas também comecei a servir de confidente a alguns gajos. Sobretudo casados. E fiquei parvo ao saber que a maioria "come por fora". Mas para a sociedade são "casais perfeitos". Dá-me vontade de rir...

Voltando às mulheres, há umas quantas muito engraçadas. Casadas (ou juntas, agora é moda dizer-se assim), parecem muito púdicas e "certinhas" mas são piores que alguns gajos que conheço. Essas querem aventura, sexo, explosão mas sem pôr em risco a sua relação. Há quem lhes dê vários nomes. Para mim, são desastres ambulantes. Que um dia se vão estatelar com toda a força.

E eu ? Francamente, já não sei para onde me virar ou o que pensar...

Lei do Divórcio

Desconhecido


Foi aprovada, dia 16, a nova Lei do Divórcio.




Não demorou muito a que se levantasse um côro de vôzes críticas. Porque fragiliza a instituição do casamento, porque acaba com a culpa na ruptura, porque desresponsabiliza as pessoas, enfim...

Acho curioso que ainda se defenda o casamento como uma obrigação, como algo escrito na pedra. Casarás e assim ficarás para o resto da tua vida. Aconteça o que acontecer.
Mas felizmente houve a coragem de assumir que a Lei de ve servir o Cidadão e não o contrário.

Para mim, um casamento é um estado de alma. Que começa muito antes da cerimónia. Tem que existir aquele sentimento que é base de tudo. Aquele sentimento inconsciente de que é aquela pessoa com quem queremos vivêr tudo o que de bom e de mau a vida nos trouxer. Por quem temos um respeito e uma admiração naturais.
Mas o que é que leva as pessoas a casarem-se ? Quais são as suas verdadeiras razões ? Quantas não pensam que, ao casarem-se, um conjunto de problemas e dúvidas desaparecem porque se casou ? Quantas começam a racionalizar aquilo que não devia ter que sê-lo ?
E a culpa ? Quando existe traição ( e não vou sêr "anjinho-de-asas-brancas, a maiôr parte das rupturas acontece já com uma 3ª pessoa envolvida), isso é uma causa ou uma consequência de algo que já estava em falência ? E deve sêr culpável ? Se eu olhar como uma falta de respeito, talvez. Mas não mais do que isso.

Para mim, o casamento ( não falo dos filhos porque isso é outra questão) é mesmo isso. Querer estar e vivêr ao lado de alguém enquanto assim se sentir. Tem que sêr uma consequência do sentimento. Caso contrário, e esta é a minha opinião, só servirá para tornar as pessoas infelizes, até porque dificulta as rupturas quando já nada mais resta do que uma sensação de obrigação.
Não deveria sêr assim. Até porque quem realmente ama, quer vêr o outro feliz. E se ele ou ela não é feliz ao nosso lado, quer-se dar a oportunidade de poder procurar alguém com quem possa sê-lo. Por isso, tendo em conta a quantidade de divórcios litigiosos que por aí andam, só posso concluír que na maiôr parte dos casos já não havia amôr, de parte a parte. Orgulho ferido, talvez. Comodismo, concerteza.
Afinal, o que é um casamento ?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Norte

Desconhecido



"Já pensaste em tentares mais uma vez ?"



O amôr tinha desaparecido, dizia eu. Não fazia sentido tentar. Tentar o quê ? Amar é estar encantado. E esse já se tinha perdido há uns tempos.
Mas foi uma pergunta repetida vêzes sem conta. Por quem me queria bem e por outras. E fui-me apercebendo de que uma boa parte das pessoas tem medo da possibilidade. Ou da probabilidade de tal lhes acontecer. Cada uma tem os seus fantasmas.
Descobri que as pessoas que se acomodam têm as suas razões mas, sobretudo, porque é estável. Constante. Os dias passam e são iguais. De fundamental, pouco ou nada muda. E têm medo de perder essa doce monotonia.



E é doce. Numa relação, por muito má que ela se torne, há uma parte de nós que está lá. Que fica ligada às pequenas coisas.
O acordar. O pequeno-almoço. Os pratos, as canecas, as fotografias, todos no seu sítio do costume. Os cheiros, os sons do dia-a-dia dentro de casa. Nem que sejam berros. Ou silêncios. Como se vivêr de outra forma fosse inconcebível. Creio que ao fim de uns anos longos numa relação, deixamos um pouco de sêr alguém para além do casal. O nosso Norte está ali e sem ele, deixamos de saber navegar.

Talvez seja por isso que muita gente volta ao que tinha. Encontrar um novo Norte significa navegar noutros mares, mas que são mares desconhecidos. Conhecer outras terras e outras gentes. E nem todos estão dispostos a fazê-lo.
Desculpas como " E os meus filhos ?", ou o "Não tenho idade para isso" são frequentes. Também há aquela do "Quando casei era para o resto da vida". Mas gosto sobretudo da "É mesmo assim, o amôr não dura para sempre. Para quê deixar isto e recomeçar se vai dar tudo ao mesmo ?"
Infelizes. Mas sossegados no seu cantinho. À espera que os dias passem. Um após o outro...



Como eu cheguei a um ponto em que praticamente tudo se esgotou, não coloquei a hipótese de voltar. Apercebi-me de que havia coisas que não queria para a minha vida. E eu não acredito que as pessoas mudem. Não a partir de determinada idade.
Mas confesso que foi estranho e um pouco assustadôr, esse recomeçar. É estranho acordar sem ter alguém o nosso lado. Mesmo que acordar com ela já fosse um pêso.

Logo ao início, tentei fazer tudo da mesma forma que fazíamos. A rotina do dia-a-dia. E como sempre fui um rapazito desenrascadito, não tive problemas em consegui-lo. Com o passar dos dias, fui mudando algumas coisas. E, aos poucos, o mêdo foi-se desvanecendo.
Nessa fase inicial foi importante ter alguma disciplina. Fica-se muito fragilizado e é fácil perder o controle à nossa vida.


Com o passar do tempo, fui-me apercebendo que era fácil. Afinal de contas, nós homens não dependemos delas para termos as nossas coisas, na nossa casa. E é treta que, sem elas, é roupa suja por todo o lado e louça por lavar.
Passei a fazer as comidas que gostava, a passar a roupa a ferro ao meu modo (as camisas passaram a ficar mais bem passadas) e, sobretudo, descobri que, afinal de contas, todos os meus mêdos eram infundados.
Eu continuava a poder ter todas aquelas pequenas coisas que me faziam falta só que de outra forma. Mais ao meu jeito. Mais minhas.

E é aqui que começou a parte complicada da minha nova vida. Quando consegui sobrevivêr a essa fase inícial da separação, passei a gostar de vivêr sozinho. Dessa independência. Desse sentimento de libertação. Dessa procura pelo meu Norte. Senti-lhe o gosto.
E apercebi-me que irá sêr difícil abdicar de tudo isto futuramente.





"Já pensaste em tentares mais uma vêz ?"

"Não."

"Não o quê ? Ainda não pensaste ? Ou não queres tentar?"

"Não. Simplesmente não quero."

"Porquê ?"

"Posso não saber o que quero da minha vida mas sei o que não quero"

"E tu já não a queres ? Queres perdê-la de vêz ?"

"O que eu não quero é perder-me a mim de vêz..."

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Silêncio...

Desconhecido


- Estou cansado destas confusões...

- Que confusões ? Não vais começar a falar do teu pai!

- Bolas, já é tempo de lidarmos com as situações. Eu apoiei-te e tenho-te apoiado em tudo na tua vida. Só te peço que faças o mesmo.

- Eu não tenho que fazer nada. Se quiseres, falas tu e fazes o que bem entenderes.

- Não falavas assim quando te chateaste com a tua mãe. Tive que engolir muita coisa por tua causa, muito mais do que o que te estou a pedir.

- Não quero saber. Vai vêr o teu filho!

- Escuta, precisamos falar. As coisas não podem continuar assim...

- Não quero saber. E não me chateies que eu tenho mais que fazer!

- E eu já não aguento mais isto. Nunca queres falar sobre nada. Quando estás mal, eu que te ature, quando estás bem, não queres saber. Estou farto. Entendes ? Farto!

- E eu também estou farta!

- Se estás, não parece. É que só tu é que estás bem. Tenho feito tudo em função de ti. Só te peço um bocado daquilo que te dei. É pedir muito ?

- Já te disse! Não quero saber!





Sorrisos. Era o que os outros viam. Porta fora e parecia uma pessoa completamente diferente. Ou talvez não. Se calhar, ela era mesmo aquilo que eu vi. Porta fora estava tudo bem. Não tinha como não estar. Afinal, tinha tudo o que queria da vida. Uma casa, carro, um emprego estável, um marido fiel e dedicado (demasiado), um (bom) filho...

Até as discussões com os pais tinham desaparecido quando decidiu que queria ir embora daquela cidade. E eu, porque achava que apoir a nossa "cara-metade" em tudo era sêr correcto, fiz com que assim acontecesse.


Nessa altura, prometeu-me que tudo iria mudar. Que os problemas se iriam resolver. Já então eu sabia que fugir não era a solução. Que, mais cedo ou mais tarde, o passado, os assuntos não resolvidos, surgem outra vez.
Ela não quis saber. Nunca quis enfrentar nada.



A felicidade pode sêr egoista e cruel. Quando se acha que o mundo nos deve quase tudo, não se olha para o lado. Muitas vêzes,este egoísmo surge disfarçado. Disfarçado de insegurança. Disfarçado de falta de amôr-próprio.
Tudo serve para justificar esse egocentrismo. Nunca assumido.


Com ela aprendi que a tolerância, a paciência e a generosidade são virtudes que podem tornar-se defeitos...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Os primeiros dias

Lya


Os meus primeiros dias foram um pouco confusos. Houve uma primeira reacção da parte da minha ex-mulher. Ela disse que ia mudar, que ia tentar mudar a sua forma de estar...

Mas até que ponto é que as pessoas podem mudar, ou mudam, até que ponto isso implica um esforço e que é que tudo isso vale perante uma realidade - de que o sentimento se tinha perdido ?


Por partes:

Será que as pessoas mudam mesmo ? Muito sinceramente, a partir de determinadas idades, não acredito. Quando já se tem uma personalidade mais ou menos formada, qualquer mudança implica passar a ter atitudes que não se tinham. Implica ter comportamentos que, de alguma maneira, implicam um esforço. O que me leva ao segundo ponto.


Fazer um esforço para mudar. Porquê ? E é possível ? Porque é que as pessoas fazem grandes esforços para manter uma relação ? Os esforços implicam desgaste, o que implica cansaço. E quando nos cansamos, a nossa natureza vem ao de cima. Por isso é que eu não acredito em esforços. Porque quando as forças acabam, e mais cedo ou mais tarde, elas acabam, o conflito surge.

Numa relação, quase nada deve ser em esforço. É claro que, para se manter uma relação, ambos têm que abdicar um pouco de algumas coisas. Mas não devem de abdicar por que tem que sêr, porque o outro assim o quer ou exige.

Quando se abdica de algo, tem que sêr de livre vontade. Tem que se sentir paz nessa decisão. Não pode sêr algo que nos obrigue a ir contra o que somos, como somos. Mas, por muito forte que alguém seja, vale a pena ?


Se o sentimento desapareceu, alguém acredita que ele volte ? Não me refiro a carinho, a recordações, a bons momentos que se passaram... O Amôr... Quando se perde o Amôr, quando se perde o encantamento, quando se perde aquele necessidade inconsciente de estar, de querer estar, de querer tocar, sentir...

É o básico de qualquer relação, se quisermos sêr realmente felizes. Não pode sêr uma decisão consciente. Não pode resumir-se a um mero somatório de prós e contras. Para mim tem que se sentir que aquela é a pessoa com que nos vêmos a envelhecer, aquela que sentimos que faz sentido, que nos faz falta todos os dias...


É por estas e por outras que eu não acredito em mudanças radicais para salvar uma relação. Não resultam. Se realmente se quiser sêr feliz, simplesmente não resulta.
Por muito que tenha custado virar costas a um passado, a uma parte de mim, estava na hora de dizer adeus. E recomeçar...