Desconhecido Pois, mais uns mêses e faz quase uma ano que eu e o H. tivemos esta conversa. Para já e como resultado, o que era mais que óbvio, aconteceu. Ele a mulher acabaram por se separar e, segundo ela e ele, de vêz. Claro que eu acho que o "de vêz" seja um pouco como o "para sempre" ou o "nunca"... São aquele tipo de palavras que muitos dizemos com todas as nossas forças, certos de que se podem partir tão fácilmente com um olhar ou "Olá..."
De qualquer modo, estão separados. Um ano quase passado...
- Acho que o meu mal foi querer a perfeição. Isso não existe...
- Como assim ?
- Tu sabes. Eu procurei em alguém tudo o que sempre quis numa mulher. A mulher perfeita. Mas a realidade é que isso não é assim. A perfeição não existe...
- Tens razão. E depois ? Qual é o problema em quereres para ti algo que encaixe ?
- Mas a vida não é assim. Para isso, mais valia ficar como estava. E hoje, digo-te, estou arrependido de ter estragado tudo. Se calhar tinha a perfeição ali mesmo ao lado e não fui capaz de vêr isso!
- Deixa lá vêr se eu entendo. Afinal, se vocês até diziam que eram incompatíveis, como é que podes dizer isso agora ?
- Eu sei só que eu continuo preso aquela pessoa. Entendes ? E fiquei tão desiludido comigo mesmo que já nada me satisfaz. Se eu era exigente, fiquei ainda mais exigente!
- Mas olha lá, tu também não foste capaz de andar em frente. Bolas, o mundo é tão grande! Não se esgota em duas pessoas! Não resultou. E depois ?
Sabes, acho que o teu mal é mesmo esse. Não és capaz de abrir os olhos, de abrir o peito e ir à luta!
- À luta de quê ? Não vale a pena. Mais valia ter ficado com aquela pessoa e não ter andado de cabeça no ár...
- Quer dizer, então tu achas que as pessoas têm que encaixar mas como ainda não encontraste ninguém que encaixasse em ti, então mais valia ficar com alguém que encaixa assim-assim! Não achas que isso é um bocado comodismo ?
- Eh pá, eu não fui feito para ficar sozinho...
Sorri. Claro que o problema não são os amôres ou desamôres. As perfeições ou imperfeições. Os encaixes ou desencaixes.
Tudo se resume a isto. Mêdos. Mêdos são fragilidades. E as fragilidades fazem-nos ansiar por porto seguro. Seja ele qual fôr. Se fôr um que já conheçamos, a que já estejemos habituados, tanto melhor.
Houve algo que ele já devia ter percebido. Que não vale a pena irmos contra o que sentimos querer para nós. E que nem tudo o que luz é ouro. Que os verdadeiros tesouros não se procuram. Encontram-se. Por acaso. É aquela sensação de surpresa, de espanto. De não estar à espera. Sem ideias pré-concebidas. Simplesmente se encontram. E tudo acontece...