"Hoje reparei que amanhã, quando voltar para casa, vou estar sózinho, a casa vai estar em silêncio..."
Não vai sêr fácil. Quase nunca o é. Acordas para mais um dia. Todos os dias. Vais têr dias em que te vais sentir só. Talvêz questionares-te se vale a pena. Se tudo vale a pena. Vais-te recordar de alguns momentos bons que perdeste. E sentires-te ainda mais só. Vais perguntar-te se foste tu que erraste. Se podias ter feito mais...
Vai doêr. Mais. Muito mais. Dói sempre.
E vais tentar fazer o mesmo. Da mesma forma. Para dares por ti a fazer tudo de novo. Da tua forma. Até que o vazio se apodere da alma.
Só então é que descobres que o pior já passou. Quando já não tens mais dentro de ti. Já não vai doer tanto. Quase nada.
Descobres que as tardes de chuva são bonitas. Que o velho chato do 3º direito até tem a sua piada. Que a Dona Lita da padaria deve ter uma vida tramada. Que afinal até nem gostas assim tanto daquele casaco que usavas tantas vêzes.
Um dia, acordas. A recordar. Num sorriso que, ontem, por instantes, te prendeu o olhar. Num olhar que, por instantes, te prendeu a alma. Um dia...
9 comentários:
Recordar. Todos os dias. Os sonhos permitem-nos "matar" saudades. Às vezes. Outras, não.
Um dia damos por nós a juntar os caquinhos. Tentamos voltar a pô-los nos seus devidos lugares. Colamo-los. Mas as marcas ficam lá, sempre. São as rugas da alma.
Custa. Dói. Magoa. Mas habituamo-nos. Eventualmente...
E quando nos habituamos à ausência, podemos dizer que as feridas cicatrizaram.
Até lá, não adianta tentar forçar nada. O luto faz-se por si próprio, quando for tempo disso.
*bons ventos,
Arisca
Como me poderei habituar à ausência da minha filha?
O casal estava em silêncio, mas a casa tinha vida, tinha a vida gerada quando havia sentimentos.
Havia aquela pequena flor, num deserto de sentimentos bons. Havia o seu chamar pelo meu nome... isso enchia o meu dia... agora existe o vazio e o desepero está logo ali ao virar da esquina!
Receio que, à ausência dos filhos, ninguém se consiga habituar...
Companheiro, passei aqui só para te dar um abraço, e dizer te que apesar de tudo podes contar sempre com o stressado. Com o tal que tu dizes que se atarvessa nas coisas!
dor...luto... gostei de como descreveu seus sentimentos...acho que meu ex marido se sente assim...e eu fico pensando..será que não há um recomeço pra nós?
Quando fôr tempo disso... Mas as coisas nunca mais voltarão a sêr as mesmas, Arisca. Ganham-se algumas, é verdade mas as que se perdem... Há caminhos que, de pois de percorridos, já não têm retorno...
Beijo...
Não há remédio para as ausências dos filhos. É uma dôr que não desejo a ninguém...
Gostava de poder dizer que melhora mas não. Apenas aprendemos a suportá-la...
Eu sei disso, João. E sabes que podes sempre contar comigo mesmo que seja para te dizer que estás a errar...
Grande abraço ;-)
Os recomeços são o que são. Se o sentimento existe de ambos os lados, há sempre a possibilidade de algo poder sêr reparado. Se...
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