sexta-feira, 11 de julho de 2008

Pais e filhos

Desconhecido



Já se passaram quase 3 semanas sem vêr o meu filhote. Faz-me falta o seu sorriso. O seu "Pai, gosto mesmo muito de ti...".
É daquelas coisas que nos fazem pensar e repensar a nossa vida. Se ele não merecia um sacrifício, um esforço para que não se sentisse dividido. Apesar de ele ainda sêr pequenino, com a idade vai acabar por sofrer e sentir esse pêso. E eu vou sentir o pêso de não o poder vêr todos os dias, muito graças à infantilidade da minha ex-mulher.

Há dias falei com a minha mãe e a minha irmã por causa de um relacionamento que estou prestes a terminar. A minha mãe gosta muito dela e por várias vêzes me pediu para dar um tempo.



- Mãe, não é uma questão de dar tempos. Ou se sente que resulta ou não!

- Eu sei mas eu também sei que gostas dela e ela gosta muito de ti. E a vida não é feita de idealismos.

- Também não é feita de comodismos...

- Ninguém está a dizer isso. Mas há coisas em que tens sempre que abdicar para que as coisas resultem.

- Está bem, eu sei. Mas isso não justifica tudo. Ou eu sinto que tenho vontade em abdicar ou então, se fôr em esforço, não resulta. E o que eu sinto não é o suficiente para continuar. Ela quer muito mais e merece muito mais...

- Mas filho, vê lá. Dá um tempo. Muitas vêzes isso ajuda. E tu tiveste uma situação em que sabes que isso resultou.

- Uma situação ? Que situação ? A tua e a do pai ?

- É evidente. E tu sabes que resultou.

- Resultou ? Mãe, achas mesmo que resultou ? Em quê ? Melhorou alguma coisa ? Mãe, ele continua a não ir para nenhum lado que tu queiras ir. E se vai, é sempre contrariado. Já era assim e continua a sêr. O que é que mudou ?

- Houve coisas que mudaram e tu sabes disso. Eu também sei levar a minha...

- Mãe, eu não quero isso para mim. O que vocês fizeram foi acomodarem-se um ao outro. Criarem alguns entendimentos. E para quê ?

- Filho, tu ainda és muito idealista. E vais têr que bater com a cabeça para percebêres que a vida não é bem assim...

- Chama-lhe idealismo, chama-lhe o que quiseres. Eu sei o que sou capaz de sentir e a força com que sinto. Enquanto eu me sentir assim, vou lutar por isso. Se um dia chegar à conclusão de que estava errado, então logo se vê...



Custa-me um bocado falar com a minha mãe sem a magoar um pouco. Ela é bem intencionada mas as opções de vida dela são as dela. Quando os meus pais se separaram, ela ficou quieta no canto dela durante mais de 2 anos. Nunca teve outro homem na vida dela. Ela é assim. E ele também. Desistiram de sentir algo mais. Por razões diferentes, mas desistiram. O que têm dá menos trabalho. Mas também não faz deles pessoas felizes...
Gosto muito deles e não posso dizer que gosto mais de um do que do outro. Eles acharam que deviam voltar um para o outro. Por eles, pelos filhos, pelo projecto de vida que tinham. Só que pelos filhos...
Já várias vêzes falei com a minha irmã sobre isso. E nem eu, nem ela, pedimos que eles se voltassem a juntar. Para nós, nada de importante mudou.

Talvez por isso é que eu julgo ter tomado a melhor decisão possível. Manter uma relação que já não tem razão de sêr, não faz sentido...
E isso não põe em causa o meu amôr pelo meu filho. Provavelmente só irá fazer de mim um pai mais atento e mais atencioso. E com muito mais amôr para lhe dar.



Adoro-te, filhote...

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